Você já sentiu solidão?
Desde o início dos tempos o homem vivia em comunidades e em pequenos grupos, buscando na união sua subsistência e proteção. Sempre estivemos rodeados de pessoas com diferentes pensamentos e ideais e evidentemente nos tornamos seres sociáveis com a necessidade de compartilhar e estar com o outro. No entanto, é comum ver que em meio a uma multidão de pessoas muitas se encontram em estado de solidão, um vazio interno que aparentemente nada pode suprir.

Você já sentiu solidão?
Desde o início dos tempos o homem vivia em comunidades e em pequenos grupos, buscando na união sua subsistência e proteção. Sempre estivemos rodeados de pessoas com diferentes pensamentos e ideais e evidentemente nos tornamos seres sociáveis com a necessidade de compartilhar e estar com o outro. No entanto, é comum ver que em meio a uma multidão de pessoas muitas se encontram em estado de solidão, um vazio interno que aparentemente nada pode suprir.
Mas o que seria a solidão?
A solidão nada mais é do que a falta de estarmos com nós mesmos, desacompanhados de nós mesmos. Frequentemente emitimos pensamentos de que a vida é um vazio e esperamos que algo ou alguém venha suprir nossos anseios e necessidades, depositando no ambiente externo a razão da nossa verdadeira completude. Vivemos absortos em distrações que alienam nossa mente fazendo com que busquemos a felicidade sempre do lado de fora. Porém, o que nos falta para estamos em estado de completude é a busca de Si mesmo e da verdadeira consciência do Ser, e isso só pode ser conquistado através da autoconstrução e do auto conhecimento, transformando pensamentos e valores.
Platão dizia que da mesma maneira que o ser humano necessita de alimento, sua alma precisa ser alimentada. Isso significa que o homem que busca o despertar e o desenvolvimento interior dificilmente irá se sentir solitário, a solidão é própria do homem que se sente vazio, sem aspirações, objetivos, sem sentido e motivação na vida. E para que isso seja transformado é preciso observação, determinação e ação, encontrar nosso propósito e caminhar em direção a ele.
No caminho do yoga podemos ver que KAIVALYA, que seria o objetivo final no Raja Yoga deriva de kevala que quer dizer “sozinho”.
Kaivalya ("solidão") é o estado de existência incondicional do Si Mesmo. No yoga clássico, o termo se refere mais precisamente o que o Yoga Sutras (2.25) descreveria como "solidão da visão (drishi)", que se refere à capacidade inata do Si Mesmo de perceber continuamente os conteúdos da consciência (citta). “Yoga” significa “união”, o estado de kaivalya é também o estado de união com todas as coisas, onde não há separatividade, dessa forma não existe a ilusão de estar só. Numa definição alternativa, o Yoga Sutra (4.34) explica kaivalya como "involução" (pratiprasava) dos componente primários (guna) da natureza, que deixam de ter propósito para o Si Mesmo que recuperou a sua autonomia transcendental. Segundo outro aforismo de Patanjali (3.55), kaivalya se estabelece quando sattva (o mais alto aspecto ontológico da natureza) e o Si mesmo são de pureza equivalente. O Hatha-Yoga-Pradipika (4.62) define kaivalya como aquilo que fica depois que a mente inferior é "dissolvida" através da prática yogue.
Por isso vejamos a solidão como algo construtivo e transformador, não deixando que falsos estímulos e ilusões nos tire o brilho da vida e do movimento. Crie condições para estar sozinho e reflita sobre sua identidade, sobre quem você trabalha constantemente para ser, não para os outros, mas para si mesmo. Reserve alguns minutos todos os dias para entrar contato com sua alma, converse com ela, estabeleça metas e objetivos que iluminem seu coração e nutra seu ser, dialogando onde você quer chegar com isso e o que realmente é válido para alcançar seu objetivo, observando sempre se seus pensamentos e atitudes estão alinhados com seu propósito. Seja fiel a sua identidade, e se você não tem uma, busque-a. Sua verdadeira identidade é aquilo que você se propôs a acreditar.
Resista e persista, não se deixe engolir pela ilusões do mundo de hoje, tome as rédeas da sua vida e seja autêntico, contemple a solidão e trabalhe no seu ateliê interno. Joanna de Angelis, mentora espiritual de Divaldo Franco, notável médium espírita diz que: “quem é solidário jamais será solitário”, remetendo a idéia de que o estar só é uma atitude ilusória, egóica, e que aquele que busca reproduzir o bem jamais estará só, pois sempre haverá alguém necessitando de uma palavra amiga ou uma companhia, quem ajuda e se dedica a benefício do próximo nunca terá tempo para estar só.
Que todos os seres sejam felizes, Namastê!