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Algumas palavras sobre Autoconhecimento.

Atualizado: 10 de set. de 2020

“Conhece-te a ti mesmo, domina-te a ti mesmo”. Esta é uma máxima filosófica grega que vem de encontro ao que os seres humanos necessitam urgentemente hoje em dia: autoconhecimento.


Quanto tempo de nossas vidas dedicamos às questões fundamentais e mais ainda, quanto tempo dedicamos em tentar respondê-las é uma reflexão inicial para nos aproximarmos desse tema. Perguntas como: Para que existo? Quem eu sou? O que é o mundo? Há um Deus ou uma ordem inteligente no universo? dentre outras é o passo derradeiro nessa jornada interna. A verdade é que a humanidade ficou extremamente preguiçosa e sofre por isso. Enquanto estamos imersos em ignorância continuaremos a repetir os erros que geram sofrimento. Perdemos a arte de viver de forma consciente e apenas a sobreviver relaxados nas nossas zonas de conforto. Culpamos o mundo pelos nossos problemas e nos vitimizamos na primeira oportunidade.


Mas nem tudo é tão ruim quanto parece. Esse foi apenas um chacoalhão! Se você está lendo esse texto, provavelmente significa que já percebeu que existe algo a mais para se buscar na vida. Portanto, já pode assumir as rédeas e começar a cavalgar rumo à felicidade de saber quem se é.


Sendo assim “conhece-te a ti mesmo” é nosso objetivo de vida. “Domina-te a ti mesmo” representa a necessidade de nos prepararmos para nos conhecermos e assim nos mantemos dignos de sermos quem somos. Mas, o que isso significa? Significa que para que possamos nos conhecer com profundidade, há algumas condições a serem cumpridas, como por exemplo: o domínio da mente, dos instintos, desejos, hábitos nocivos, enfim nossas impurezas, como é chamado na tradição indiana. Pois se assim não for, não reconheceremos a verdade como ela é. Seria como se através de um óculos extremamente sujo uma pessoa míope tentasse enxergar letras miúdas em uma placa distante.

Dentro da tradição indiana, esse caminho de purificação para o autoconhecimento vem prescrito nos Vedas em um texto muito conhecido chamado Bhagavad Gita, que carrega a essência das escrituras. Nessa obra, o Senhor Krishna ensina para o guerreiro Arjuna em meio a um campo de batalha sobre esse dominar-se a si mesmo. Ou seja, a preparação ou refinamento pessoal, na forma de Karma Yoga, para que o caminho do conhecimento Jñana Yoga possa ser efetivo e assim transformar as informações em uma sabedoria que é apreciada intimamente no coração daquele que a atinge.


O Karma yoga vai se apresentar como um caminho no qual a ação através da atitude correta purifica nossos defeitos. Tais como: intensos desejos e aversões, egoísmo, ganância, inveja, competitividade e muitos outros. Ao mesmo tempo refina nossa personalidade para que possamos em contrapartida dar mais e maior importância aos valores universais como a não-violência, a verdade, a generosidade e a compaixão. Isso faz com que tenhamos muito mais clareza mental e uma disposição condizente com o mundo. Paramos de achar que ele está para nos servir e começamos a servi-lo e estando em harmonia, temos então a possibilidade de assimilar o que os textos sagrados querem nos comunicar.


Já o Jñana yoga, que é o estudo sistemático da parte final dos Vedas (Vedanta), traz o conhecimento sobre a verdadeira natureza não-dual que somos. E na qual acontece em três etapas: Ouvir o ensinamento, sanar as dúvidas acerca do ensinamento e contemplar sobre o ensinamento. Dessa forma uma pessoa é capaz de compreender intimamente a verdade sobre si, sobre o mundo e sobre Deus e se “torna” livre da roda do samsara. Como a própria Bhagavad Gita aborda, a pessoa fica livre de todo o sofrimento. Aqui, tornar-se livre está entre aspas, pois em realidade nunca estivemos presos para ter que nos libertar, mas sim ignorantes da nossa própria liberdade.


Sendo assim, o caminho para a realização da nossa própria natureza exige que deliberadamente a busquemos. Isso implica sair de nossas zonas de conforto, desconstruir crenças limitantes e desenvolver uma disposição receptiva. Além de cultivar o desapego por aquilo que não nos fará crescer, rever prioridades, disciplinar-se e principalmente esclarecer qual é a função de nossas vidas. Podemos começar por discriminando se o que enxergamos como propósito é de fato algo construído por um mergulho profundo em si mesmo ou algo emprestado do que disseram que era pra ser.


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